Carrapatos
Esses artrópodes são extremamente numerosos e encontrados nos mais variados habitats. Possuem segmentos fundidos, sem asas e antenas, e números de patas que variam de 3 pares (larva) a 4 pares (adulto). No grupo dos acarinos, encontram-se os carrapatos e os ácaros.
Filo: Arthropoda
Classe: Arachnida
Ordem: Acarina
Descrição e biologia
Ciclo de vida
As larvas, ao saírem do ovo, já possuem um aspecto semelhante ao do carrapato adulto. Apresentam três pares de pernas e são sexualmente imaturas. As larvas permanecem inativas na vegetação do solo por vários dias enquanto sua cutícula endurece e então quando estão aptas a infestar os animais, iniciam o processo de subida e descida em direção ao ápice das plantas ao redor do local onde nasceram. As larvas podem detectar odor, calor, CO2 e vibração do ar devido ao movimento dos animais hospedeiros. Após uma muda, dão origem às ninfas as quais apresentam quatro pares de pernas. Estas também são imaturas sexualmente. Após a última muda originam-se os adultos, machos ou fêmeas. As fêmeas só se ingurgitam completamente após o acasalamento. Os machos permanecem no hospedeiro por várias semanas ou meses, algumas vezes acasalando-se com várias fêmeas. Exceto para Ixodes, a cópula dos ixodídeos ocorre sempre no hospedeiro.
O desenvolvimento destes carrapatos pode ocorrer em um, dois ou três hospedeiros, dependendo do número de animais parasitados durante seu ciclo evolutivo. No primeiro caso, larvas, ninfas e adultos passam toda a vida parasitária sobre um só animal; no segundo caso, larvas e ninfas alimentam-se em um animal, as ninfas caem no solo, sofrem uma muda e os adultos buscam um novo hospedeiro; no terceiro caso, a cada mudança de estádio, o carrapato abandona o hospedeiro, realiza a muda no ambiente, e volta a se fixar no hospedeiro.
Principais Espécies e Danos Causados
Os danos causados aos animais são determinados pela perda de sangue e transmissão de doenças; no homem os carrapatos provocam incômodo, dermatites e lesões decorrentes das picadas e, principalmente, são vetores de patógenos, como vírus e bactérias, ocasionando:
Dermatoses - inflamação, prurido, edema e ulceração no local da picada;
Perda de sangue - condição séria com desenvolvimento de anemia nos animais fortemente infestados;
Otocaríase - infestação do canal auditivo pelos carrapatos, com possíveis infecções secundárias;
Toxemia e Paralisias - causadas pela inoculação de saliva tóxica nos vertebrados;
Infecções - transmitidas por carrapatos, incluindo babesioses, riquetsioses, borrelioses, bacterioses, viroses, etc.
Principais espécies
- Família Ixodidae: A maioria das espécies deste grupo de carrapatos são silvestres e habitam florestas e pastagens, parasitando várias espécies de animais hospedeiros. O desenvolvimento se completa em duas fases: uma parasitária que ocorre sobre o hospedeiro e outra de vida livre, no solo, após abandonar seu hospedeiro.
A fase parasitária compreende menos de 10% da vida do carrapato e é adaptada para alimentação sanguínea no hospedeiro. São necessários um ou mais hospedeiros para completar seu ciclo de vida que consiste em três fases: larva, ninfa e adulto (estágios móveis e hematófagos).
• Carrapato-de-boi - Boophilus microplus: Conhecido como carrapato dos bovinos, mas pode também ser encontrado em outros mamíferos, entre os quais, equinos, búfalos, caprinos, ovinos, cães e até mesmo o homem. Nessas espécies, os carrapatos são encontrados em situações esporádicas ou acidentais.
• Carrapato-de-cavalo ou Carrapato Estrela - Amblyomma cajennense: Tem como hospedeiros preferidos os equídeos, mas pode também parasitar bovinos, outros animais domésticos e animais silvestres. Em sua fase adulta, é também conhecido pelos nomes populares: “rodoleiro”, “picaço”, “carrapato rodolego” e também como “micuim”, “carrapato pólvora”, “carrapato-fogo”, “carrapato meio-chumbo” e “carrapatinho” nas suas fases de larva e ninfa. A espécie é comum no Brasil e é um vetor de diversas doenças como a babesiose equina e a febre maculosa, sendo esta última considerada uma zoonose. As infestações do Amblyomma geralmente se concentram nas sombras ou nos locais de passagem de seus hospedeiros. Em sua forma adulta fica grande, do tamanho de um feijão verde, ou até maior. A sua forma larval está nos pastos no período de março a julho e pode ficar até 24 meses sem se alimentar, esperando um hospedeiro. No homem causa forte coceira e chega a provocar inflamação.
• Carrapato-vermelho-do-cão - Rhipicephalus sanguineus: Típico de cães e gatos. Os adultos preferem instalar-se na pele, entre o coxim plantar e as orelhas do cão. Sobem pelas cercas, muros, e espalham-se pelo canil, casa, etc. É de difícil controle. Não foram encontradas evidências de que esta espécie possa parasitar o homem, limitando-se, o seu parasitismo, a cães e gatos. Seu ataque causa grande irritação e desconforto nos animais, com perdas de sangue. Os adultos têm uma forte tendência para escalar muros e cercas, frequentemente abrigando-se em frestas e forro dos canis, em grande número, debaixo de móveis e outros locais. Eles desprendem-se dos cães em qualquer fase de desenvolvimento, espalhando-se pelas habitações e são encontrados às vezes em grandes números, sendo de difícil controle. É o vetor da babesiose (Babesia canis) e erlichiose (Erlichia canis) canina.
•Carrapato-comum - Ixodes ricinus: Assim como outras espécies do gênero Dermacentor, é causador da moléstia denominada paralisia em várias espécies animais, sobretudo na ovelha e no homem. É transmitida pela fêmea que se fixa na região próximo à coluna vertebral e centro respiratório, podendo comprometer a coordenação motora no andar, provocando tombos e incapacidade de permanecer em pé, seguindo-se vômitos e até morte.
- Família Argasidae: Este gênero é mais abundante nas regiões áridas que apresentam longas estações secas. A maioria das espécies está associada às aves. Em geral, os habitats dos argasídeos estão intimamente associados àqueles relacionados ao homem e animais domésticos: pocilgas, galinheiros, pombais, ou cabanas rústicas. Os argasídeos que vivem em um habitat relativamente estável podem alimentar-se no mesmo animal várias vezes ou em vários animais (da mesma espécie ou não) durante seu ciclo de vida e se reproduzem continuamente ao longo do ano.
• Carrapato-de-galinha – Argas miniatus: Possui corpo ovalado com 4 a 7 mm de comprimento. Sai de seu esconderijo à noite e fixa-se nas aves apenas o tempo necessário para sugar o sangue. Transmite aos galináceos a bouba, doença infecciosa semelhante à sífilis. Pode parasitar também pombos, patos e pássaros silvestres. Possui hábitos noturnos. Vive nas frestas e buracos dos galinheiros e nos troncos de árvores, saindo à noite para sugar os hospedeiros e voltando aos esconderijos assim que ingurgitados. Este carrapato é o vetor da Borrelia anserina e Aegyptanella pullorum entre as aves. Infestações pesadas podem matar as aves por exsanguinação. Pode atacar o homem e sua picada causa intensa dor.
Prevenção
Para as pessoas que vão a áreas infestadas:
- Usar roupas claras facilitando a visualização dos carrapatos em suas roupas. Um bom artifício para remover os carrapatos das roupas é apanhá-los com um pedaço de fita adesiva;
- Usar camisetas com mangas compridas e colocar as meias ou as botas sobre as barras da calça;
- Usar chapéu
- Usar luvas ao cuidar de jardins.
Para os Animais:
- Mantenha os animais de estimação dentro de casa sempre que possível e regularmente procure por carrapatos nos que saem de casa;
- Cuide de seus animais com produtos contra carrapatos ou repelentes. Alguns tratamentos contra pulgas também funcionam contra carrapatos;
- Limpe muito bem as casas dos cães, prestando atenção em fendas e rachaduras onde os carrapatos podem depositar seus ovos.
Em residências:
- Passe um pano branco e texturizado sobre as áreas que possam ter carrapatos. Se o pano recolher muitos carrapatos, há uma infestação;
- Limpe os jardins, pois os carrapatos gostam de viver em mato crescido, plantas mortas e madeira em decomposição;
- Ao utilizar um pesticida se concentre nos arbustos e nas áreas com mato crescido, que não são alcançadas pelo cortador de grama. Siga as instruções do rótulo corretamente.
Métodos de controle
São indicadas aplicações sistemáticas de carrapaticidas nos animais. Para tanto, existem as banheiras carrapaticidas de imersão, aspersão ou pulverização. No pasto é aconselhável o manejo integrado. Pastagens altas, ou de folhas largas, permitem o desenvolvimento e sobrevivência de carrapatos. A pulverização em pastos torna-se economicamente inviável, principalmente em grandes áreas. Em áreas urbanas e/ou residenciais, recomenda-se a pulverização das áreas ou até polvilhamento, principalmente nas frestas, repetindo a aplicação após 20 dias em temperaturas altas. Quanto aos animais domésticos, estes deverão receber aplicações de carrapaticidas indicados para cada espécie. Os animais deverão ficar fora da residência pelo prazo de 24 à 48 horas variando conforme animal ,ventilação do local e produto.
Recomenda-se ainda procurar um médico veterinário para indicação de um melhor tratamento para cada caso específico.
A utilização do MIP é recomendada para melhores resultados.